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domingo, 13 de setembro de 2009

Uma Cultura de Risco para Portugal

Todas as manhãs, em África, uma gazela acorda sabendo que vai ter de correr mais depressa que o mais rápido dos leões, se quiser sobreviver nesse dia. Todas as manhãs, em África, um leão acorda sabendo que vai ter de correr mais depressa que a mais lenta das gazelas, para ter alimento nesse dia. No mundo dos negócios, tão competitivo e dinâmico, é bom que todas as manhãs as empresas comecem a correr focadas, tal com um leão ou uma gazela, no seu objectivo, eles não podem correr riscos. Transpondo esta parábola para o mundo dos negócios, percebe-se a razão porque o nosso tecido empresarial não se evidencia tantas vezes quantas as desejadas, certamente temos uma cultura de risco muito débil.

As empresas têm de correr riscos inerentes ao seu core business (lançamento de novos produtos, a sua aceitação pelos consumidores, a aceitação desses produtos em novos mercados), mas não têm de correr riscos fora do seu core business. Existem no mercado instrumentos financeiros para evitar e/ou minimizar esses riscos, como é o caso de coberturas de risco de taxa de câmbio, cobertura de risco de taxa de juro, cobertura de risco de investimento em países com risco politico, cobertura de risco de não pagamento dos clientes entre outros. As empresas podem ter o melhor produto ou serviço, mas se não estiverem preparadas para correrem todas as manhãs, aparecem os percalços pelo caminho, os incobráveis.

Gostaria de abordar a cobertura dos incobráveis, nomeadamente a vertente do seguro de créditos. O seguro de créditos é um instrumento de gestão que cobre o não pagamento dos clientes de qualquer empresa que venda a crédito aos seus clientes em qualquer prazo até 360 dias e em qualquer parte do mundo. Podemos dividir um seguro de créditos em quatro grandes funções:
  1. Utilização da seguradora para prospecção de bons clientes, com capacidade creditícia. Qualquer contacto que tenha do mercado, de imediato e por meio de plataformas online disponibilizadas pelas seguradoras terá uma resposta se poderá fazer uma venda a crédito com cobertura ou não.
  2. Vigilância do risco. Caso exista informação negativa no mercado, será de imediato avisado pela seguradora, evitando correr riscos por desconhecimento.
  3. Caso o cliente efectivamente não pague, não terá de ter custos extraordinários com a recuperação a divida. Faz parte do contrato que as seguradores na grande maioria das vezes liderem a acção de recuperação pela totalidade da divida.
  4. Indemnização por perdas. Caso o cliente efectivamente não pague a seguradora pagará uma indemnização entre 80 a 90% da divida, consoante o risco Pais e sector do segurado.
Pensando em termos Contabilístico, e analisando o balanço, no Activo podemos verificar que temos quase todas as rubricas, seguras por uma apólice de seguro, quer mercadorias, imobilizado etc., no entanto, quando verificamos o Activo mais importante, os nossos Clientes, estes não estão seguros. Constatamos a simplicidade com que estas matérias são tratadas: “É meu amigo”, “sempre me pagou bem”, “têm muito dinheiro”, “não tenho risco nos meus clientes”, são expressões que se ouvem de muitos executivos deste Pais.

Este tipo de cultura pode ter um “efeito bola de neve”, ou seja, se o meu cliente não segura os seus clientes e têm um incobrável, pode pelo seu valor, colocar em causa a relação comercial ou mesmo afectar a saúde financeira da minha empresa. Era um bom cliente, deixou de ser, porque alguém também deixou de ser para ele. Mantenha-se focado, corra todas as manhãs, segure a sua carteira de clientes e afaste a incerteza sobre o cumprimento dos objectivos do negócio.

José Rodrigues
Director Geral da JMPR Agência de Seguros de Crédito

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