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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Três palavras de ordem, para o Alto Alentejo: Mobilidade + Inovação Aberta

Na implementação dos planos de desenvolvimento articulados com os eixos estratégicos e programas operacionais do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), para o período 2007–2013, existe a necessidade latente de definir um posicionamento estratégico que rompa com as opções estruturais do passado baseadas no cimento, no saneamento e, sobretudo, num pensamento taciturno arreigado à incontornável interioridade.

A região do Alto Alentejo deve posicionar-se, definitivamente, de forma diferenciada, atendendo a necessidades já diagnosticadas ao nível da competitividade regional, do potencial humano, da valorização das suas unidades territoriais e da histórica falta de cooperação regional. Aliás, essa falta de cooperação é apontada como uma necessidade especial para a totalidade do território nacional nos relatórios e diagnósticos de preparação do QREN.

Por tudo o exposto, existe a oportunidade de estruturar uma acção estratégica concertada que, não obstante ter de superar carências infra-estruturais dos municípios da região do Alto Alentejo, deve valorizar as iniciativas de carácter supra-municipal que se revistam de uma natureza estruturante e que confinem o desenho e a implementação de uma estratégia comum de desenvolvimento sustentável para a região.

Neste sentido, a análise e a monitorização subsequente da capacidade competitiva deve obedecer à definição de indicadores rigorosos face a quatro dimensões de análise da competitividade regional, nomeadamente, a empreendedora, a logística, a demográfica e a territorial.

A dimensão empreendedora deve contemplar indicadores ao nível da eficiência produtiva, da massa crítica empresarial, da imprescindível mudança promovida pela Inovação & Desenvolvimento (I&D) e das novas formas de combinação de factores produtivos, as quais devem ser transferidas e comercializadas sob a forma de tecnologia.

A dimensão logística tem uma importância estratégica crescente, em especial, no que concerne à modificação esperada do mapa de acessibilidades, em termos de fluxos intra e inter-regionais, bem como ao nível da determinação de novos caminhos óptimos e minimização dos custos de transporte. A promoção dos índices de mobilidade a cabeça de cartaz é uma realidade incontornável, mesmo que para isso se tenha de recuperar toda a abordagem Ricardiana referente às vantagens comparativas das nações crescentemente entendidas como regiões, em função dos custos de transporte suportados nos mercados internacionais.

A dimensão demográfica deve ser, claramente, objecto de políticas orientadas para o rejuvenescimento e para a qualificação do capital humano, sem descurar a transmissão de saberes e o acompanhamento das gerações seniores, que são veículos transmissores dos traços ancestrais e diferenciadores das diferentes regiões.

A dimensão territorial deve fazer singrar a cooperação e a valorização intrínseca, através da aposta em projectos que contribuam para o reforço da conectividade entre regiões no contexto internacional.

O modelo da Tripla Hélice assim o exige, dentro de um funcionamento articulado e estratégico, pois trata-se de catalisar o triângulo da competitividade regional, cujos vértices contemplam, a Ciência, a Indústria e o Governo.

O referido movimento de catálise deve assentar na execução articulada e cooperativa de um conjunto de projectos estratégicos que coloquem a região do Alto Alentejo numa nova trajectória tecnológica, sem romper com o passado, que se paute pela promoção da mobilidade como factor de reforço da capacidade competitiva regional. Deste modo, estarão reunidas as condições básicas para promover novos esquemas de inovação aberta, através dos quais as empresas e as instituições poderão, perfeitamente, interligar-se em matéria de I&D com a infra-estrutura de conhecimento existente na região, que é promovida pela sua rede de escolas do ensino superior politécnico, e do ensino secundário e profissional. Daqui pode resultar, efectivamente, um posicionamento estratégico comum, que irá contribuir para a diferenciação e a valorização de uma região que se quer moderna, tecnológica, inovadora, diferenciada e dotada de usos e saberes ancestrais.

João Leitão

Instituto Politécnico de Portalegre, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, e Centro de Investigação em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, IN+, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa.

In "O Distrito de Portalegre", www.odistritodeportalegre.com

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